Por que me trancas
o rosto e o sorrisoe assim me arrancas
do paraíso?
por que não queres
deixando o alarme
(ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?
Por que cultivas
as sem-perfumes
e agressivas
flores do ciúme?
Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?
Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhuma
o peito meu?
Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?
Minh'alma chora
frio e tristinho
não te comove
este versinho?
(Carlos Drummond de Andrade)