Sê sábia, minha dor, e mantém-te mais quieta!
Reclamavas a Noite, ei-la que vem descendo:
Ar de sombra por tudo a atmosfera projeta,
A uns trazendo a paz, a angústia a outros trazendo.
Enquanto dos mortais a multidão objeta,
Sob o flagelo do Prazer, este algoz sem virtude,
Na festa mais servil de remorso e repleta,
Minha Dor, dá-me a mão! Teu corpo em mim se escude!
Vê curvados além perdidos os Anos passados,
Nas sacadas dos céus de vestidos antiquados,
Surgir do fundo do mar a Saudade sorridente;
Dormir o Sol morrente sob arcada branda
E assim com um sudário arrastado no Oriente,
Ouve, minha cara, a doce noite que anda.
(Charles de Baudelaire)
Reclamavas a Noite, ei-la que vem descendo:
Ar de sombra por tudo a atmosfera projeta,
A uns trazendo a paz, a angústia a outros trazendo.
Enquanto dos mortais a multidão objeta,
Sob o flagelo do Prazer, este algoz sem virtude,
Na festa mais servil de remorso e repleta,
Minha Dor, dá-me a mão! Teu corpo em mim se escude!
Vê curvados além perdidos os Anos passados,
Nas sacadas dos céus de vestidos antiquados,
Surgir do fundo do mar a Saudade sorridente;
Dormir o Sol morrente sob arcada branda
E assim com um sudário arrastado no Oriente,
Ouve, minha cara, a doce noite que anda.
(Charles de Baudelaire)
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